quinta-feira, 12 de abril de 2007

Uma simples flor...

Foto da autoria de Rita Neves

Às vezes, em dias de luz perfeita e exacta,
Em que as coisas têm toda a realidade que podem ter,
Pergunto a mim próprio devagar
Porque sequer atribuo eu
Beleza às coisas.
Uma flor acaso tem beleza?
Tem beleza acaso um fruto?
Não: têm cor e forma
E existência apenas.
A beleza é o nome de qualquer coisa que não existe
Que eu dou às coisas em troca do agrado que me dão.
Não significa nada
Então porque digo eu das coisas: são belas?
Sim, mesmo a mim, que vivo só de viver,
Invisíveis, vêm ter comigo as mentiras dos homens
Perante as coisas,
Perante as coisas que simplesmente existem.
Que difícil ser próprio e não ser senão o visível.
Alberto Caeiro

2 comentários:

Thinky_girl disse...

Também conheces esse bacano?? O Caeiro! Eheheh

Excelente poeta!! É o heterónimo de Fernando Pessoa que mais gosto, defende uma logica interessante!!! ; )
Eu gosto muito do que ele disse: "Sou do tamanho do que vejo" E ate acho que há uma peça de teatro qualquer com esse nome!!!

Beijokitas enormes**********************

Anónimo disse...

Já o Alberto Caeiro se perguntava num dos seus poemas 'O mistério das coisas, onde está? Onde está ele, que não quer aparecer?'
E já dizia muito bem, que as coisas são como são, reais, puras e objectivas.

Beijinho dona Rita * ^^